12 novembro 2005

Wi-Max põe em risco futuro da telefonia celular

Chamadas de voz via internet desafiam a terceira geração de aparelhos celulares
 
O modelo de negócios das operadoras de telefonia celular pode sofrer uma mudança profunda, diante da difusão da tecnologia Wi-Max. A tendência é que a adoção crescente desse meio de acesso sem fio à web amplie bastante as chamadas de voz sobre IP (VoIP), que concorrem com as ligações convencionais de celulares e aparelhos telefônicos fixos. "Se as pessoas andando pela cidade podem chamar umas às outras gratuitamente, via Skype [programa de chamadas por VoIP], por que pagariam uma tarifa de celular?", indaga John Gapper, colunista do jornal britânico Financial Times. "O que protegerá os operadores de telefonia móvel da mesma pressão de preços enfrentada hoje pelas companhias de telefonia fixa?"

Segundo Gapper, ainda é prematuro anunciar a morte dos aparelhos celulares, tal como os conhecemos atualmente. Mas a ameaça do Wi-Max não pode ser descartada. O Wi-Max é uma evolução da tecnologia de transmissão de dados sem fio conhecida como Wi-Fi, presente em aeroportos, hotéis e cafés. Enquanto o Wi-Fi tem curto alcance (cerca de 50 metros), o Wi-Max pode ter cobertura de até 50 quilômetros, além de poder transmitir mais dados. Isso permite que aparelhos capazes de operar com o Wi-Max possam acessar a internet em alta velocidade, e realizar chamadas via VoIP, entre outros, mesmo em movimento. Testes recentes da Samsung mostraram que a tecnologia é eficiente para pessoas deslocando-se a velocidades de até 120 quilômetros por hora.

É claro que os fabricantes de celulares e as operadoras não estão de braços cruzados. Muitas oferecem serviços de acesso à internet e conteúdo exclusivo por meio da tecnologia 3G. A Verizon Wireless, por exemplo, lançou, em 60 cidades americanas, um serviço de acesso rápido à internet ao preço de 60 dólares por mês. A Verizon, porém, adotou medidas claras para evitar a canibalização de suas receitas com tarifas de celulares. Os assinantes são impedidos de usar a tecnologia 3G para fazer chamadas via VoIP.

Para Gapper, a companhia que poderá ser mais prejudicada pela concorrência com o Wi-Max é a Qualcomm, que produz chips para celulares e detém diversas patentes de padrões CDMA. Somente no ano passado, companhias coreanas como a Samsung e a LG pagaram cerca de 2,8 bilhões de dólares à empresa, como royalties pelo uso de sua tecnologia.

A Qualcomm exemplifica, ainda, outra vantagem competitiva do Wi-Max, segundo o FT. O desenvolvimento da indústria de celulares depende de uma grande quantidade de patentes e tecnologias fornecidas por determinadas empresas. Já o Wi-Max, até o momento, é livre. As companhias que fabricam aparelhos capazes de se conectar à internet por esse sistema não precisam pagar nada por isso. Embora a telefonia celular opere com tecnologias já consolidadas e os usuários já estejam habituados a ela, algumas operadoras de celular já estão mudando de postura – sinal de que reconhecem a força do novo sistema. A Korea Telecom, por exemplo, planeja oferecer celulares capazes de conectar-se às redes de telefonia convencional ou de Wi-Max, de acordo com o que for mais barato para o cliente em certa localidade ou momento.
 
Fonte: Exame On Line

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