17 novembro 2005
É impossível ser feliz sozinho.
Precisamos entender uma coisa: publicidade é um jogo coletivo. Popov, Nadia Comanesci e Robert Scheidt seriam péssimos publicitários. Mais que tudo, fazer boa propaganda é um trabalho de equipe. Mas uma equipe sem Romários, certo peixe? Uma equipe de verdade, motivada, que brilha sem estrelismos. E a peça-chave desse jogo, dessa equipe (“peça-chave”, gostaram? “Ei, mamãe, sou um homem de marketing!”), é o fornecedor.
Sim, ele é o princípio e o fim. Um fornecedor pode levar um trabalho criativo às alturas ou destruí-lo em segundos (ou em 30 segundos...). Pode fazer uma modelo ficar linda ou parecida com a Bruxa do 71. Tem o poder de transformar uma buchada em algo apetitoso ou um prato de bacalhau numa iguaria que nem o cachorro do seu cachorro comeria. Por isso a escolha do fornecedor é tão importante. Escolha essa que começa muito antes, quando a necessidade ainda não existe.
É fundamental dedicar uma parte do seu tempo semanal para a pesquisa de fornecedores. Quem são os fornecedores top em qualidade? Que diretor dirige melhor atores, qual é o melhor em fotografia, quem tem mais facilidade para dirigir textos cômicos? E o fotógrafo? Qual é melhor em fotos de estúdio? Que profissional faz boas fotos de paisagem? Quem fotografa melhor comida, líquidos, objetos? Pois a necessidade um dia virá. E ela chega rápido, precisando de uma solução ágil, sempre no meio de vários outros trabalhos que também requerem a sua atenção. É aí, então, que mora o perigo. Decidir sobre um fornecedor em cima da hora é o caminho para o filme feio, para a foto meia-boca, para o spot “marromeno”. E um fornecedor ruim não dá problemas só na apresentação final, mas também durante a execução do trabalho. Fornecedor ruim também é aquele que atrasa, que não cumpre prazos, que dá trabalho para o criativo em explicar várias vezes, em pedir para refazer, em buscar elementos para a produção, entre outros desgastes. Mas uma boa notícia aos ruins: precisamos de vocês. Porque, geralmente, fornecedor bom custa mais caro. Aí, dependendo da grana do cliente, a escolha pode ficar entre “aquele me atrasa, porém faz uma boa impressão em verniz”, por exemplo.
Outra coisa: um bom trabalho publicitário requer parceria com seu fornecedor. Veja, “parceria”, não “clientelismo”. É preciso que você e o seu fornecedor se dêem bem. Não é um casamento. É mais para os primeiros meses de namoro, quando as pessoas estão encantadas mas não têm total certeza de que o outro nunca vá embora. Fornecedor e criativo têm que falar a mesma língua e ser honestos entre si, sem melindres. Têm que ser como uma grande dupla, um Batman e Robin, um Timão e Pumba, um Cobrador e Motorista. Não precisam correr na praia, de mãos dadas, com um labrador. Todavia é necessário terem uma ligação especial. Só assim se chega a um trabalho que vai maximizar resultados para os clientes (olha o marketeiro aí de novo). Apenas dessa forma, trabalhando juntos, de sol a sol, como Dois Filhos de Francisco, é que se chega a algo realmente diferente, não só criativo na idéia, mas na forma também.
Veja que uma boa parceria, além de ser fundamental para a qualidade do trabalho, também ajuda você no dia-a-dia. Muitas vezes você quer produzir determinado filme, por achar que a idéia pode lhe render bons frutos, mas o cliente não tem grana para pagar um bom fornecedor. É a deixa para o seu amigo fornecedor entrar. Tipo o Roberto Carlos anunciando a chegada do Erasmo no show de fim de ano da Globo. Se ele achar interessante, pode embarcar na idéia e baixar o preço, tornando o sonho possível. Quer ver outra ocasião em que essa parceria será fundamental? Vai haver um dia, por exemplo, em que você vai precisar de um “monstro de rádio” para mostrar numa concorrência. Lá estará de novo o seu parceiro, para produzir esse spot, ajudando a plantar e a colher os frutos com você.
Minha dica para ser feliz: fique atento aos fornecedores. Conheça os caras, corra atrás de novos nomes, veja repertórios, portifólios – a Internet está aí pra isso. Concomitantemente, fortifique sua parceria com os fornecedores que você já conhece, que elegeu como bons. Seja honesto com eles, pois gente que trabalha direito gosta de honestidade e não vai ficar chateada se você fizer determinado trabalho com outra pessoa. Isso é do mercado. Se não for assim, como disse, vira clientelismo, favorecimento, foge do âmbito da adequação e da competência. Pois o jogo não é de família ou de amigos de infância. É de equipe.
Edgar Cardoso é redator publicitário, formado em Propaganda pela ESPM, concluindo MBA em Marketing pela FGV. Trabalhou e estagiou em diversas agências de São Paulo, entre elas: Giacometti, QG e W/Brasil. Atualmente trabalha na Griffo Comunicação. edredator@yahoo.com.br
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Lembre-se que esse blog não é um ringue de boxe ou um octágono para que rolem as porradas.