Telecom Itália, Citibank e fundos de pensão chegaram aos termos gerais de um acordo de venda do controle da Brasil Telecom aos italianos. Nas últimas semanas, até o ex-presidente americano Bill Clinton se envolveu nas negociações, contratado pela Telecom Itália para ajudar a vencer alguns focos de resistência do Citi
A maior disputa societária da história do Brasil está chegando ao fim. Depois de meses de conflito entre os sócios, Telecom Itália, Citibank e fundos de pensão chegaram aos termos gerais de um acordo de venda do controle da Brasil Telecom aos italianos, donos da TIM. Desde sábado passado, representantes das empresas e dos fundos estão reunidos em Londres, mergulhados em longas reuniões para tentar chegar aos detalhes finais da transação.
Nas últimas semanas, até o ex-presidente americano Bill Clinton se envolveu nas negociações, contratado pela Telecom Itália para ajudar a vencer alguns focos de resistência do Citi. Clinton, que é advogado, parece ter trabalhado bem. Entre os executivos da Telecom Itália, a expectativa pelo final do processo em alguns dias é grande. A empresa, no entanto, não se manifesta oficialmente sobre o assunto. Segundo fontes próximas à negociação, a hipótese mais provável é que a Telecom Itália compre 100% da participação do Citibank na Brasil Telecom e apenas 30% da parte dos fundos de pensão, que venderiam o restante num prazo de até cinco anos. Os valores ainda estão em discussão.
Pelo acordo de venda conjunta firmada entre o banco americano e os fundos, porém, o piso seria de 1 bilhão de reais. Entre os interlocutores dos fundos, também há otimismo, embora com maior cautela. "É difícil falar em detalhes, ainda não há um acordo totalmente definido. Mas, pela primeira vez desde que começamos a negociar, parece que o negócio é realmente sério", diz um dos envolvidos no processo que acompanha a negociação do Brasil.
A compra da Brasil Telecom pela Telecom Itália é o desfecho esperado de uma disputa societária que se arrasta nos tribunais desde 2000. Os fundos de pensão consideram que os acordos firmados com o banco de Daniel Dantas deram a ele um excessivo poder sobre a gestão da Brasil Telecom e sobre outras cinco empresas em que ele gere os recursos dos fundos. Os fundos afirmam também que Dantas teria usado esse poder para favorecer seus próprios interesses.
Desde a privatização, fundos de pensão e Citibank nomearam o Opportunity gestor da operadora de telefonia. Em outubro de 2003, os fundos o destituíram. Em março passado, foi a vez do Citi. Juntos, Citibank e fundos de pensão detêm 58% das ações da holding que controla a Brasil Telecom. A Telecom Itália tem 38% dessas ações. Dantas tem 3,8%.
O foco das disputas é uma companhia que atua em nove estados mais o Distrito Federal, tem 12,5 milhões de clientes de telefonia fixa e celular. O faturamento é de cerca de 12 bilhões de reais. Para os italianos, a compra da Brasil Telecom resolveria um problema em seus negócios no Brasil: a falta de uma empresa de telefonia fixa para apoiar os negócios com celular da TIM. Uma das condições dos fundos de pensão e do Citi para vender sua parte aos italianos é que eles unam as duas operadoras e desistam de uma das licenças de telefonia móvel.
O desfecho do imbroglio seria um final confortável também para o banqueiro Daniel Dantas. Em abril passado, o Opportunity fez com a Telecom Itália um acordo em que a telefônica se compromete a pagar 341 milhões de euros -- quase 1 bilhão de reais, em valores de hoje -- pela parte de Dantas na empresa. O negócio entre Dantas e os italianos está suspenso por uma liminar judicial. Mas, se a Telecom Itália for a nova dona da empresa, a negociação com o banqueiro poderá ser confirmada.
Fonte: Exame On Line
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