12 junho 2006

Fritas acompanha?


É um desespero. Para os clientes, a falta de embasamento em marketing das agências de publicidade e a massificação dos serviços por elas oferecidos diminuem a credibilidade dos profissionais de comunicação e a crença na própria propaganda. Parece mais um combo de fast food: dois anúncios, alface, vt, molho especial, spot, pickles e um pão com gergelim. Fritas acompanha, senhor?
Na maioria das vezes, principalmente em mercados pequenos como o de Belém, os clientes não sabem muito bem a diferença entre marketing e comunicação. Chegam na agência perdidos e aflitos, como cegos num tiroteio do PCC. Sabem apenas que estão perdendo dinheiro e acham que deveriam fazer mais “propaganda na TV”. E o atendimento, com seu sorriso Colgate (ou sorriso “Sorriso”), diz: - claro, vamos preparar uma campanha para o senhor. Volta trazendo um roteiro, opções de anúncio e, pra sair do comum, um spot de rádio. Aí eu lhe pergunto, caro e solidário leitor, onde está o profissionalismo dessa situação de negócios? Vamos lá, jogo dos 7 erros:

- O atendimento não perguntou qual o público-alvo e nem o posicionamento da empresa;

- Não conheceu a empresa e analisou preço, produto, distribuição, atendimento e visual de loja, se for varejo, etc;

- Não viu histórico de vendas e de ações de comunicação;

- Não conversou com funcionários da empresa e clientes;

- Não pesquisou o mercado da empresa;

- Não sabe os objetivos da empresa;

- Não procurou mídias e materiais que estivessem mais de acordo com o perfil do público;

Entre outros erros que comprometem a qualidade do esforço de comunicação.
É preciso ser mais honesto com os clientes. Perguntar, ouvir e pesquisar antes de apresentar soluções em série. Às vezes uma mala-direta é mais apropriada que uma página dupla de jornal. Em muitos casos, um filme publicitário colocado num canal de TV a cabo maximiza resultados.
Além do que, é preciso ver se o problema é mesmo de propaganda. Como disse John Lennon: You may say I´m a dreamer. Nunca uma agência de propaganda vai dizer isso a um cliente, Edgar. Engano seu, pequeno Grilo. As boas dizem. Júlio Ribeiro, dono da Talent, já disse isso na fuça de alguns de seus clientes. E sabe o que ele ganhou? Anos e anos com as mesmas contas, uma raridade no mercado volátil de São Paulo. Contas que só cresceram dentro de sua agência e se transformaram em grandes marcas, como Brastemp, Postos Ipiranga e Toshiba.
Cada caso é um caso. O termo é batido, mas é a pura verdade. E só pode oferecer ao cliente uma solução que realmente resolva o problema quem tiver ferramentas suficientes. Quem tiver formação, experiência e entender que a propaganda faz parte de um contexto maior chamado marketing. Por onde tudo começa. E por onde muitas empresas terminam.

Edgar Cardoso é redator publicitário, formado em Propaganda e Marketing pela ESPM, concluindo MBA em Marketing pela FGV. Trabalhou e estagiou em diversas agências de São Paulo, entre elas: Giacometti, QG e W/Brasil. Atualmente trabalha na Griffo Comunicação. edredator@yahoo.com.br

2 comentários:

Lembre-se que esse blog não é um ringue de boxe ou um octágono para que rolem as porradas.